En nuestra último viaje a Lisboa no faltó una visita al espacio LX Factory en la zona de Alcántara y a su estupenda librería LER DEVAGAR. Allí encontré este interesante título que se había presentado en la misma librería el 14 de noviembre de 2013. Los autores, Laura Alves y Pedro Carvalho son colaboradores de la revista B-Cultura da Biccicleta publicación de la que soy seguidor.
A GLORIOSA BICICLETA ha sido editado por Texto Editores, con el atractivo diseño, cubierta y paginación de Edgar Antunes y está dividido en tres grandes bloques: História, Corpo & Alma, Mobilidade y cada uno los cuales se desarrolla a su vez en tres capítulos. A lo lago del libro encontramos as Dicas do Tio (Pistas del Tio) consejos técnico y prácticos y acertadas opiniones como estas "el mejor tamaño de rueda para todo terreno es aquel que ya tienes en tu bicicleta", "procura la felicidad al pedalear, no a través de las cosas que supuestamente te van ayudar a pedalear (ropa sintética, pedales mágicos, piñones de antimónio, cambios indexados, amortiguadores)". O Tio Corvo es un ciclista irritado, cara de Velo Corvo y restaurador de bicicletas que ilumina a los lectores con sus citas. Un libro cuya lectura me ha resultado interesante y divertida, escrito con sabiduría y buen humor por verdaderos amantes y defensores de esa maravilla de ingeniería que es la bicicleta A MAIS GLORIOSA INVENÇÃO DE TODOS OS TEMPOS.
En las páginas finales encontramos un curioso Test, "ÉS UM CICLISTA DE CORAÇÃO OU UMA MERA IMITAÇÃO" con doce preguntas, que de acuerdo con las respuestas dará como resultado que relación de afinidad establecemos con la bicicleta.
Y en sus páginas también podremos leer este hermoso poema de Manuel Alegre
Na minha bicicleta de recados
eu vou pelos caminhos.
Pedalo nas palavras atravesso as cidades
bato às portas das casas e vêm homens espantados
ouvir o meu recado ouvir minha canção.
Na minha bicicleta de recados
eu vou pelos caminhos.
Vem gente para a rua a ver a novidade
como se fosse a chegada
do João que foi à Índia
e era o moço mais galante
que havia nas redondezas.
Eu não sou o João que foi à Índia
mas trago todos os soldados que partiram
e as cartas que não escreveram
e as saudades que tiveram
na minha bicicleta de recados
atravessando a madrugada dos poemas.
Desde o Minho ao Algarve
eu vou pelos caminhos.
E vêm homens perguntar se houve milagre
perguntam pela chuva que já tarda
perguntam pelos filhos que foram à guerra
perguntam pelo sol perguntam pela vida
e vêm homens espantados às janelas
ouvir o meu recado ouvir minha canção.
Porque eu trago notícias de todos
os filhos
eu trago a chuva e o sol e a promessa dos trigos
e um cesto carregado de vindima
eu trago a vida
na minha bicicleta de recados
atravessando a madrugada dos poemas.